Portinari, pintor social

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Universidade de São Paulo, 1990 - Art - 147 pages
A pintura moderna no Brasil teve em Cândido Portinari um de seus artistas mais significativos. Chegou mesmo por volta dos anos 40 e 50 a ser considerado o seu representante oficial. E isto num duplo sentido. Oficial por realizar uma síntese brasileira das novas tendências estéticas e das novas linguagens plásticas, integrando, numa obra pessoal e rica de invenção e sensibilidade, a herança e o savoir faire do tradicional com as ousadas buscas do moderno. Este fato o tornou a certa altura um pintor conhecido, em moda, e daí o segundo aspecto que a palavra oficial passou a cobrir. Amigo de Gustavo Capanema, ministro da Educação e Saúde de Getúlio Vargas, recebeu o encargo, pela qualidade de sua arte, de realizar os murais do prédio de Niemeyer e Lúcio Costa, sob a inspiração de Le Corbusier, projetaram e construíram para sede deste Ministério. A esta encomenda seguiram-se outros trabalhos com eventual patrocínio governamental que lhe suscitaram o apodo de pintor oficial e a crítica não só dos adversários do regime como dos eternos ciosos dos triunfos alheios. Pois, na verdade, Cândido Portinari jamais compactuou ideológica e artisticamente com o hinário 'estado novista' ou nacionalisteiro. Comprovam-no não só a sua conhecida e mais tarde oficializada relação com o P. C. B., como a análise de sua iconografia que Annateresa Fabris efetua no presente livro. À sua leitura, verifica-se que o muralísta do Café, longe de entregar-se a uma modelagem populista da realidade nacional, justamente desenvolveu na sua pintura, naqueles anos, uma visão crítica aprofundada da sociedade brasileira. Seu pincel está tinto, nas suas criações mais expressivas, como Os Retirantes, pelo protesto social e pela militância ideológica e política.

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